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Não só 130 árvores por Andre Decourt

Atualizado: 1 de mar.



Cara Cora Rónai nos conhecemos desde 2003, desde os remotos tempos das redes sociais da pedra lascada, nesta vida concordo com você 99%, mas hoje será um desses 01%


O projeto do Jardim de Alah é um desastre, um verdadeiro cavalo de troia; legal, urbanístico, patrimonialístico , ambiental e pior moral! Como você já sabe, conheço um pouquinho dessa cidade, dizem que é kármico, mas acho que é só leitura, observação e ter sido filho e bisneto de gente que a vida toda se dedicou a ela no serviço público e até na política.


Mas, vou fatiar minhas justificativas:


Legal – Se você ler a inicial da ACP movida pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro poderá perceber de plano a concessão se choca com a Lei Orgânica do Município, que é a Constituição da nossa cidade, se com também com o tombamento do Jardim (decreto 20.300/2001) e com a APAC de Ipanema, criada pelo mesmo instrumento legal. Considerou-se o JA como um Jardim Histórico.


Urbanístico – Num mundo que se tenta retirar o carro das grandes cidades, e tendo ao lado uma estação de metrô e numa das áreas mais bem servidas de transporte público da cidade, vai se destruir e impermeabilizar uma área de mais de 18.000 metros quadrados, para reservar uma boa parte, para ele, o automóvel, nesse combo virão lojas e pasmem, possivelmente até um supermercado. E essa urbanização exagerada, 110 vagas de automóveis e 42 lojas é realmente necessária, numa área com um shopping de médio porte ao lado e dezenas de galerias comerciais ao longo da Visconde de Pirajá e ainda lembrando o abandonado Lagoon ali do lado; qual o sentido de mais comércio, numa época que a dinâmica comercial está se alterando? Para caber isso tudo, a praça vai ser elevada, tirando da Avenida Epitácio Pessoa até mesmo a vista da praça de quem está andando no nível da calçada. Do outro lado, na Borges vai ser feita a mesma coisa. Quem andará nas ruas ou passará de carro, verá só um barranco, talvez de grama, o canal, esquece!! O ponto urbanístico vai se emendar com patrimônio histórico.


Patrimônio Histórico - Como já falei ali em cima, o JA é tombado a nível municipal, mas está na área de de outros três tombamentos, um a nível municipal que é o Monte Líbano, o estadual que é a Orla e outro federal, que é a própria Lagoa. Além de ser ponto de visada pela outro bem, o Cristo Redentor. Não precisa ser analista do IPHAN para perceber que as alterações de altura dos jardins e até mesmo do novo desenho da praça, mostrado como algo maravilhoso pelos arquitetos, é COMPLETAMENTE diferente do desenho da praça, todos os elementos históricos SOMEM, mobiliário urbano, desenho dos jardins, relevo.

Pois bem, cadê o bem tombado? SUMIU!!! Abre-se um perigoso precedente.

Vamos fazer um exercício de distopia, o que você acharia de um supermercado nos jardins do Cantagalo com o argumento que revitalizaria os jardins do entorno do Corte, que estão abandonados (o poder público o abandonou por 20 anos), toda a área verde transformada num Mundial ou Carrefour, mas com um telhado "verde" onde seria plantada uma grama e umas palmeirinhas raquíticas (o arquiteto jura que é árvore) ?


Ambiental - O projeto, que fará tantas intervenções no local, simplesmente ignora o ponto mais sensível do local, O CANAL !!!!!, simplesmente vira as costas e o ignora, como se fosse um espelho de água clorada de um shopping da Barra, perdendo uma chance de ouro para se resolver o problema, e depois com tudo pronto e concedido por dezenas de anos como se fará alguma obra??? Chocante né?


Mas voltamos as 130 árvores, algumas de grande porte, serão varridas do mapa, por "estarem atrapalhando os negócios", mas você acha que uns três metros de terra, nesse telhado verde, comportará árvores de grande porte, e o pior se a manta de impermeabilização começar a pingar numa loja grifada a árvore que estará lá no telhado tentando sobreviver na "caixa de areia" não vai ser removida por "estar atrapalhando os negócios". E nessas árvores grandes que serão eliminadas para onde irão os passarinhos por exemplo? Certamente não irão para as 300 mudas esquálidas que serão plantadas pela cidade, em compensação ambiental, sem nenhuma assistência como é o que acontece, a sobrevivência dessas mudas Cora é menos que 30%, chocante né. E será que essa caixa de areia terá a mesma capacidade de drenagem e regulação do clima da terra, terra de verdade, do Jardim de Alah??? Acho que não.


E por fim chegamos na Moral - Primeiro vc acha correto o genro de um dos proprietários de O Globo ser o arquiteto desse projeto, pois olhe só; o MP fez uma ACP, nada de notícia, a Sociedade Civil fez uma manifestacão e vem colhendo milhares de assinaturas, zero notícia, a Câmara de Direito Público do TJRJ mandou tirar os tapumes, porque não tem obra, noooti..errrr zero notícia, o MP atravessou nova petição acusando a empresa, a prefeitura de não cumprirem as decisões judiciais e sequer apresentarem os documentos pedidos já a 10 meses atrás e ZERO notícia. Mas hoje, temos duas colunas defendendo o projeto, não gostei Cora, não mesmo!


E por fim, você compraria um carro usado de quem vendeu uma empresa de telemarketing, sem os computadores e só com os monitores?


 
 

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